25 junho 2012

Isole Tremiti, um paraíso no Mar Adriático


As ilhas Tremiti fazem parte de um arquipélago no Mar Adriático sendo composto de 5 ilhas:
  • San Nicola que é a sede administrativa, 
  • San Domino que é voltada ao turismo e 
  • Cretaccio, Capraia e Pianosa que são ilhas desabitadas. 

As ilhas fazem parte da região da Puglia e são acessíveis por via marítima através de barcos que partem de Rhodes, Peschici, Vieste, Manfredonia, sendo mais perto o percurso que sai de Termoli. Também há helicóptero que parte da Foggia.  

De rara beleza, o mar tem águas límpidas e azuis, com belas paisagens que atraem muitos turistas. É onde se pode mergulhar e descobrir grutas e cavernas durante os passeios de bote ou de barco, um paraíso para os mergulhadores. As ilhas fazem parte do Parque Nacional de Gargano e seu nome Tremiti significa Tremores, talvez relacionado a abalos sísmicos do passado. 


Além do espetáculo natural, as ilhas tem aspectos históricos interessantes e muitas lendas. Segundo a mitologia grega, Diomede que foi um dos herois mais valentes da Guerra de Troia e também Rei de Argos, teria desaparecido misteriosamente nas ilhas do Adriático, por isso originalmente as ilhas eram chamadas Insulae Diomedee. Leia sobre Diomede em meu blog Mitologia Grega.

Achados arqueológicos indicaram a presença humana nessas ilhas desde os tempos pré-históricos, além de vestígios de gregos e romanos. As ilhas foram um local de confinamento desde a antiguidade. Dizem que o Imperador Augustus teria exilado sua neta de 20 anos nessas ilhas sob acusação de adultério. Um monge teria encontrado um túmulo de 2.000 anos com moedas de ouro e apetrechos gregos. 

A descoberta de diversos naufrágios nas imediações indicam sua importância estratégica para a navegação comercial ao longo dos séculos. Há inúmeras histórias e lendas sobre piratas que atacavam e saqueavam essas ilhas. Na Idade Média o arquipélago foi governado pela Abadia de Santa Maria a Mare fundada pelos beneditinos. Após duzentos anos de administração, eles tinham acumulado uma riqueza fabulosa, tesouros imensos e grandes propriedades e imóveis.

Em 1321, astutos piratas resolveram atacar a ilha de San Nicola de onde tinham ouvido falar dos grandes tesouros pertencentes aos frades. Porém sabiam que os frades eram corajosos e tinham enfrentado e vencido outros invasores, por isso resolveram usar de astúcia ao invés da força.

Disfarçados de pescadores, dois piratas chegaram chorando na praia dizendo que precisam realizar o funeral cristão para os amigos que haviam morrido devido a um acidente no mar. Já era noite e alguns monges foram à praia e com tochas eles viram pessoas que pendiam dos barcos. Um caixão de tábuas estava na proa do navio sendo falsamente velado por marinheiros, por isso os monges autorizaram que trouxesse o caixão até a praia.

Em uma procissão os piratas carregaram o caixão para levá-lo à igreja rezando junto com os monges. O rito cristão da bênção do corpo havia começado na igreja da abadia, quando ouviu-se um grito; era o sinal de ataque. Com punhais e espadas os piratas atacaram os frades carregando todo o tesouro existente em San Nicola. Por mais de trinta anos, ninguém teve ousadia de aproximar das Ilhas Tremiti até que o mosteiro foi transformado em uma fortaleza. 


Em 1783 a abadia foi suprimida e o rei Fernando Bourbon IV de Nápoles instituiu ali uma colônia penal. Em 1843 muitas pessoas errantes de Nápoles, chamados de "Lazzaroni",  foram levadas para repovoar as ilhas onde se tornaram pescadores, por isso é comum o dialeto napolitano na ilha. Em 1911 cerca de 1.300 líbios opositores foram confinados a Tremiti. Depois de um ano, cerca de um terço dessas pessoas morreram principalmente de tifo.

Durante a era fascista o arquipélago continuou a ser usado para reclusão e detenção de prisioneiros políticos e homossexuais. Embora não houvesse nenhuma lei que proibisse a homossexualidade, na época de Mussolini ele dizia que: "Na Itália, há apenas homens de verdade". Muitos homossexuais ou suspeitos de homossexualidade foram presos e deportados. Devido às difíceis condições na ilha, muitos morreram.

Até 1943 havia a triste presença de muitos infortúnios nas ilhas que atualmente deu lugar a muitas cores, festas e luzes que atraem milhares de turistas todos os anos. Com acomodações confortáveis e com todas as distrações para divertir os turistas, as lendárias Ilhas Tremiti se tornaram famosas entre outras existentes em torno da Itália. 

San Domino tem uma bela atmosfera feita pela natureza que sabiamente emergiu em sua totalidade. Terra, mar e céu criam uma sintonia para tornar essa ilha diferente de todas as outras. Quase sempre coberta de florestas, os vales verdes são perfumados pelos pinheiros de Aleppo. Por causa da fertilidade e espontaneidade das flores de todas as cores, os monges beneditinos chamavam a ilha de Horto do Paraíso. Na área plana central, conhecida como a Planície do Éden, há vinhas, pomares e cereais.

O litoral é recortado com baías, promontórios e falésias, destacando-se a pedra do Elefante e da pirâmide. De barco é possível visitar a Gruta delle Viole, o Bue Marino, das Andorinhas e também as praias de Cala delle Arene, Cala Matano e o Pagliai que só podem ser alcançadas por mar. Cala delle Arene é a única praia real no arquipélago. A grande lacuna formada é a entrada para a Caverna de violetas, chamada assim devido às violetas que florescem na primavera nas paredes internas. 

San Domino começou a ser habitada em 1935 devido a mudança de algumas famílias vindas de San Nicola. É a ilha mais desenvolvida para o turismo, com hotéis, pousadas, campings, restaurantes e a única que tem areia na praia. O turismo em San Domino nasceu à sombra da floresta de pinheiros, graças aos proprietários e gerentes de hotéis que conseguiram deixar intactas as belezas da natureza que transmitem a paz que os turistas buscam nessas ilhas. Este é o reino do mar cobalto que aparecem nas falésias e nas maravilhosas grutas.  


A Ilha San Nicola é o centro histórico, religioso e administrativo do arquipélago. Pelos numerosos vestígios de um passado antigo e glorioso, a ilha é considerada um museu a céu aberto. San Nicola é onde reside a maioria da população e o local de um mosteiro onde o monge Nicolò foi enterrado. Diz a lenda que toda vez que alguém tentava remover seus restos mortais para fora da ilha, armava-se uma violenta tempestade impedindo a navegação ao redor da ilha.

Da Capela de Santa Maria a Mare, chamada Mittigradi, a imagem é levada em 15 de agosto na procissão. Na Torre dos Cavaleiros da Cruz há uma pedra esculpida com uma inscrição ainda legível: " Coteret confriget" que significa algo como uma ameaça a quem ultrapassar os limites.



As ilhas Cretaccio, Capraia e Pianosa são desabitadas. Cretaccio é a menor das ilhas, uma massa de rocha de argila amarela com quase 30 metros de altura. Por sua própria natureza está desaparecendo devido à erosão, sendo de difícil acesso. Suas encostas são extremamente frágeis e irregulares. Capraia já foi um local de cultivo de caperi ou alcaparras, de onde originou seu nome. Ao lado do farol está a melhor obra de arquitetura natural do arquipélago: o Architiello, um arco rochoso de 6 metros de altura. 

Pianosa tem seu nome originado de sua estrutura plana; é a ilha mais distante com altitude máxima de 15 metros. Às vezes, durante as tempestades, chega a ser completamente coberta pelas ondas. A ilha só é visível quando se chega bem perto. É o coração do Parque Marinho Tremiti para o repovoamento de espécies de peixes e uma renovação fecunda ambiental.

Nessa ilha é permitida apenas as visitas com caráter científico sendo proibida qualquer forma de pesca. Também há várias restrições de acesso, mergulho e pesca em outras áreas em torno do arquipélago, que dependem de prévia autorização da Capitania. As restrições visam evitar acidentes devido à erosão e deslizamentos de terra que algumas vezes podem ocorrer em algumas áreas.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.