02 agosto 2012

Catanzaro, a cidade entre dois mares

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Cidade das Três Colinas 

Ao longo dos séculos a localização estratégica de Catanzaro permitiu se tornar um importante centro de negócios. Tendo hoje uma moderna infraestrutura, a capital da Calábria está assentada sobre três montes, por isso desde a antiguidade é conhecida como a Cidade das Três Colinas:
  • Monte del Vescovato, hoje a Praça da Catedral.
  • Monte San Trifone hoje chamado San Rocco, de onde pode-se ver os subúrbios ao sul da cidade e do Golfo de Squillace. 
  • Monte do Castello, hoje chamado Monte San Giovanni ou Monte do Castelo é o ponto mais alto, onde estão as ruínas do castelo. 




Viaduto Morandi


Uma das maiores construções de Catanzaro são as altas e modernas pontes que cruzam a cidade, principalmente o Viaduto Morandi que é um dos mais altos da Europa.  





O arco de concreto armado, é um verdadeiro monumento de engenharia e arquitetura que tornou-se um símbolo da cidade e de identificação da Calábria no mundo. À noite a ponte se torna magnificamente iluminada.  





A cidade possui belas praças, muitas fontes, antigos palácios e igrejas, assim como inúmeros pontos turísticos, como a área polifuncional «Magna Grecia» situada no  bairro Lido, a área do Museo del San Giovanni que se encontra sobre os restos da histórica fortificação e os restos do antigo Castello Normando.





Catedral de Santa Maria Assunta e SS. Pietro e Paolo

Uma das tradições de Catanzaro são as festas religiosas em suas inúmeras igrejas, entre elas a Catedral construída em 1121, que é dedicada a Santa Maria Assunta e SS. Pietro e Paolo. Destruída por terremoto em 1638 e pelos bombardeios de 1943 durante a Segunda Guerra Mundial, a catedral foi restaurada em 1960.





Devido aos vários terremotos, a cidade mantém poucos traços dos tempos antigos. Um terremoto em 1783 causou avarias em muitas igrejas e em outros patrimônios históricos, mas ainda mantém a Basílica dell'Imacollata de 1254, a Igreja do Rosário de 1499, a Igreja de San Giovanni Batista de 1532 e muitas outras.




Complexo Monumental de San Giovanni 

Situado na área do Castelo Normando, cuja fundação em 1070 é atribuída a Roberto - o Guiscardo, os materiais do castelo que foi parcialmente destruído durante o século 15, foram usados para a construção da Igreja de San Giovanni em 1532. Durante o século 19 surgiu o Hospital, o Quartel e as Prisões da Audiência Real, este último destruído em 1970 pelo colapso das muralhas do castelo, restando apenas a antiga torre.






As ruinas do Castelo Normando e um tour pelos inúmeros museus de Catanzaro permitem explorar muito de sua história. Significativa herança é preservada no Museu Arqueológico Provincial, Museo rissorgimento, La Casa della Memoria e outros.






A partir de 1998 uma exposição dedicada a Andrea Cefaly trouxe uma nova vida ao complexo, tornando-o um local amplo para exposições artísticas. 





Gallerie Sotterranee del San Giovanni

Interessantes são as Galerias de San Giovanni, que tiveram diferentes usos ao longo dos séculos. As misteriosas passarelas subterrâneas guardam muito de um passado ainda desconhecido. Supõe-se que era uma via de acesso entre os governantes e os religiosos, mas também poderia permitir o fácil movimento de soldados em caso de ataque ou fuga.


 


Ao lado do Complexo San Giovanni encontra-se a Piazza Matteotti, que é marcada pelo Fontana del Cavatore. Essa é uma das obras mais significativas da cidade, que tem uma estátua de bronze cavando água nas pedras. 

Feita pelo conhecido artista Giuseppe Rito no século 20, a obra sobre uma base de granito dentro de um nicho nas paredes do complexo representa o trabalho árduo e a força dos catalães, que durante séculos enfrentou dificuldades numa terra árida e vem sobrevivendo ante os desastres causados pela natureza. 




Conhecida como "Cidade de dois Mares", Catanzaro teve vários nomes através de sua longa história. Os gregos chamavam a cidade de Katantza'rion e na época romana era chamada de Chatacium. 

Quando os sarracenos estiveram na cidade entre os anos 900 a 1.000 era chamada QaTanSáar. Os bizantinos diziam Rocha de Nicéforo e os normandos Cathacem. Sob o reino de Nápoles era chamada Cathanzario. 

Depois da unificação italiana passou a ser chamada Catanzaro. Devido à sua localização, segura e alta, foi a terra escolhida por vários povos que tentaram dominar a cidade, como os normandos, os venezianos e os sarracenos que foram os primeiros a dar início ao desenvolvimento da cidade em suas regiões mais altas no século 9.





Parque Arqueológico

No Parque Arqueológico de Scolacium perto de Catanzaro Lido pouco resta da cidade pré-romana. O que permanece visível mostra um sistema da colônia romana com os vestígios de monumentos mais importantes, antigas estradas pavimentadas, aquedutos, mausoléus, o teatro e o anfiteatro romano.

Até o princípio dos anos 1800 a cidade era uma fortaleza cercada por muralhas e torres. Desta época restam apenas a Porta San Agostino e Porta di Strato, que são os últimos vestígios das muralhas medievais que foram demolidas em 1805.




Villa Margherita

Ao longo dos séculos Catanzaro foi enriquecida por muitos parques e jardins, tendo destaque o Jardim Botânico e o parque da Villa Margherita, que é um dos lugares mais bonitos de Catanzaro. Outro lugar imperdível é o Parco della Biodiversità Mediterranea e o Parco Internazionale della Scultura, que reúne arte com área verde.




Golfo Squillace

Catanzaro teve origem na era da Magna Grécia e supõe-se que o herói Ulisses da mitologia grega tenha desembarcado no Golfo de Squillace.  






Descobertas arqueológicas mostram que desde a Idade do Ferro floresceram na região os povos de Vitulo, assim chamados porque eles adoravam a estátua de um bezerro que os gregos nomeavam de Italoi ou adoradores do bezerro. Eles eram regidos pelo famoso rei italiano Italo, um ancestral dos troianos, daí surgindo o nome Itália.






Com vista para o Mar Jônico, a pouca distância do centro da cidade estão 8 km de praias e um porto de pesca. No verão o litoral de Soverato se torna um ponto turístico, especialmente para os jovens devido às inúmeras opções de diversão. 





Localizada no istmo de Catanzaro, que é a mais estreita faixa de terra da Itália, apenas 30 km separam o Mar Jônico do Mar Tirreno. Em dias claros é possível ver os dois mares e as ilhas Eólias, por isso é chamada Cidade de dois Mares.  


 

Museu da Seda

Catanzaro também era conhecida como a Cidade "VVV", referindo-se a três características distintas da cidade:
"V" de San Vitaliano, que é o padroeiro da cidade.
"V" de vento, devido aos fortes ventos que sopram do mar Jônico e Silas, 
        dando um clima agradável durante o verão.  
"V" de veludo, por ter sido um importante centro de tecidos de seda,  
        damascados e brocados desde a época bizantina.  
Os moradores de Catanzaro testemunham a presença do constante vento na cidade, por isso dizem que: "Encontrar um verdadeiro amigo é tão raro como um dia sem vento em Catanzaro"...




O pequeno Museu da Seda de Catanzaro e outro em San Floro descrevem as várias fases de processamento da seda e brocados, com máquinas para reproduzir desenhos, pentes, pás, paineis e documentos que comprovam o esplendor da seda de Catanzaro. Exemplos da arte têxtil podem ser vistos na Igreja Monte dei Morti, onde as amostras são armazenadas em veludos chamados "Catanzaro Púrpura".

O desenvolvimento da arte da seda em Catanzaro é um mistério, visto que na época todo o sul da Itália estava sob o domínio bizantino. Alguns estudiosos acreditam que o próprio significado do nome original da cidade Katantzárion, poderia ser rastreado do grego Katartizen que significa preparar, embalar ou algum processo em um terraço de frente para as montanhas (Kata+Anzar).





Acredita-se que a arte da seda foi introduzida em Catanzaro em 1072 através de uma casta que vivia nas cidades orientais. De acordo com uma tradição de Catanzaro, os primeiros centros europeus que trabalhavam a seda eram italianos, entre o final do século 9 e início do século 10. No início do século 15 a seda teve grande expansão, pois Catanzaro tinha todos os recursos: a água abundante, o vento para remover o cheiro e o sol para secar a seda.

Porém no século 17 cairia em decadência. A terrível epidemia que se abateu sobre Catanzaro em 1668 atingiu 16.000 habitantes de Catanzaro, reduzindo significativamente a produção de seda fina. Invadida por muitos ratos vindos em navios do Oriente, as ruas da cidade transformaram-se em um campo de cadáveres das vítimas da peste.

Em vista disso, as oficinas de seda foram queimadas, cujas chamas altíssimas podiam ser avistadas a quilômetros de distância. A pobreza se alastrou em Catanzaro como um vírus secundário, aliada à perda da memória de tempos áureos e do rasto das técnicas e dos padrões dos tecelões de seda. E assim, ninguém jamais conseguiria reconstituir os seus segredos...






Com sua rica tradição cultural, shows e apresentações teatrais, os eventos realizados regularmente fazem de Catanzaro um local de muitas emoções, onde a culinária sempre teve destaque com seus sabores mediterrânicos, fortes e aromáticos. Um evento tradicional de Catanzaro são as celebrações da Páscoa precedidas da procissão no centro histórico em volta das sete igrejas. 







Mas o principal evento é "La Notte Piccante" que é realizado em setembro e ressalta as tradições culinárias e folclóricas catanzareses. O evento inclui uma série de exposições, performances, degustações e concertos, sendo a ocasião que todos os museus e igrejas históricas são abertos ao público. Os concertos geralmente estão na Piazza Duomo e Piazza da Prefeitura.






O evento tem como tema a cor vermelha típica de Catanzaro, tendo grande destaque a pimenta, o vinho local vermelho e o tradicional Morzeddhu. Servido no pão pitta, recheado com carne, miúdos e dobradinha de bezerro (diuneddhi), preparado com pimenta em conserva, orégano, louro, sal e vinho tinto, Morzello ou Morzeddhu é um símbolo de Catanzaro.





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.