19 março 2013

Pizzo Calabro, uma varanda para o mar




Com um inegável charme encima de um promontório e de frente para o Mar Tirreno, Pizzo Calabro é um dos pontos turísticos de destaque na região na Calábria. A cidade está incrustada sobre uma encosta e do alto tem-se uma bela vista panorâmica da cidade e da costa marítima.






A parte alta da cidade é moderna, mas à medida que se desce em direção ao mar, a estrada sinuosa que serpentea a encosta vai revelando o aspecto medieval da cidade. Diz a tradição que a cidade foi fundada por sobreviventes da Guerra de Tróia comandados pelo Capitão Napitium entre 1300 a 1200 a.C.  






Foi o Capitão Napitium que deu seu nome à pequena vila, que ficou sendo conhecida como Napitium. Ali viveram em paz por mais de 1.000 anos até que piratas sarracenos atacaram a cidade obrigando a população a fugir.






Muitos anos depois surgiu a cidade de Pizzo Calabro, que hospedou Santo Antonio de Pádua em 1221, quando ele retornava de uma viagem à África. Para proteger a nova cidade foram construídos muros, fossos e uma ponte. 




Castelo Aragonês


O monumento mais importante da cidade é o Castelo Aragonês, em torno do qual cresceu a cidade. Construído em 1486 por ordem de Ferdinando I d’Aragona, nesse castelo esteve preso Gioacchino Murat, rei de Nápoles e cunhado de Napoleão Bonaparte, antes de ser executado em 1815.






Gioacchino Murat se recusou a ter os olhos vendados e ele mesmo comandou o pelotão de fuzilamento. Suas últimas palavras foram: "Salvem meu rosto, acertem o meu coração".

 Seus restos mortais foram jogados em uma vala comum nas imediações da Igreja de San Giorgio. 

Atualmente no castelo funciona o Museu de Murat. A cada ano, geralmente em outubro, um evento cultural recria os eventos históricos de Gioachino Murat. 


 


Piazza della Repubblica

O monumento dedicado ao Rei Umberto I marca a Piazza della Repubblica, uma verdadeira varanda para o mar que no dialeto local é chamada "u spunduni". 






Charmosos cafés convidam ao descanso e também é a oportunidade de deliciar o imperdível Tartufo de Pizzo, que é um sorvete artesanal típico da cidade. 

Famosos são seus mestres do sorvete com seus segredos e ingredientes com os quais preparam cassatas, bolos e outras especialidades. Famosa também são as passas e uvas premium. 





Junto à praça está a Igreja de San Giorgio Martire, que foi construída em 1632. A cada ano em 23 de abril é realizada a festa dedicada a San Giorgio ou São Jorge, o santo que enfrentou um dragão montado em seu cavalo.







Em 1363 foi construído um grande monastério de rito grego e pescadores erigiam uma igreja barroca depois chamada Chiesa del Carmine. Ao longo do tempo foram surgindo outras igrejas, como a Igreja dell'Immacolata, Igreja de San Sebastiano, San Francesco di Paola. 






Durante a festa de San Francesco a imagem do santo é levada até o cais, onde é feita a benção dos barcos e lançadas flores ao mar em memória dos náufragos. A Igreja do Purgatório e a Igreja Santa Maria delle Grazie do século 17 constituem a chamada Igreja dos Mortos, que era o único lugar onde eram enterrados os mortos.





Marina/Museu del Mare

 Do castelo chega-se à Marina de Pizzo. A praia é pequena mas há muitos lugares para mergulhar. Interessante é o Museo del Mare que reúne 100.000 conchas provenientes de todos os mares do mundo, além de ouriços, estrelas do mar, corais, minerais de vários continentes, antigos utensílios de pesca e peças de barcos antigos.  


 



A pesca é uma das atividades de Pizzo, que é reconhecida pela excepcional qualidade de seu atum all'olio. Durante a manhã é possível admirar os estaleiros onde os barcos são construídos artesanalmente com uma técnica excepcional. Em muitas lojas pode-se ver um grupo de artesãos que trabalham na cerâmica com uma incrível criatividade.





Igreja Piedigrotta

Bem junto ao mar está a famosa Igreja Piedigrotta, que é uma das maiores atrações de Pizzo Calabro. É a expressão máxima da arte popular na Calábria, tendo sido esculpida na rocha em frente à praia por alguns napolitanos que naufragaram na costa de Pizzo em torno do ano de 1680.  






Chamada pelos pizzitani de La Madonneja, conta-se que um navio naufragou nas rochas da costa de Pizzo durante uma tempestade. Lutando contra a fúria das ondas, o navio foi atirado nos rochedos e os marinheiros fizeram um pedido a Nossa Senhora. 






Milagrosamente os marinheiros encontraram a pintura de Nossa Senhora na praia e decidiram construir uma capela para colocar a imagem sagrada.  Durante algum tempo foi apenas uma pequena gruta, até ser descoberta e trabalhada.  






Quase 200 anos depois, Angelo Barone ficou fascinado pela estória contada pelos pescadores e resolveu dar continuidade à obra. No início dos anos 1900,  ele começou a escavar a rocha com apenas uma pá e uma picareta para abrir uma caverna bem grande. Ali ele deixou grandes blocos no meio da gruta, que depois foram sendo esculpidos ao longo de vários anos até a sua morte.






Após a morte de Angelo Barone, seu filho Alfonso Barone deixou sua profissão de pintor e fotógrafo para dedicar-se à igreja sonhada por seu pai. Dormindo na úmida caverna, ele deu continuidade aos trabalhos inacabados e expandiu a caverna criando outras imagens, como San Giorgio e o dragão e o milagre de San Francesco di Paola. 






Depois da morte de Alfonso Barone, seu primo Giorgio Barone que era escultor, restaurou algumas imagens e concluiu o trabalho em 1969. A última peça esculpida foi o rosto do Papa João XXIII e de John Kennedy.






Numa parte da gruta há um presépio completo. Em outras há anjos, querubins, apóstolos e as imagens de Nossa Senhora de Lourdes e os pastores, Santo Antonio e muitos outros. 






As imagens possuem excepcionais olhares e expressões perfeitas, formando um cenário de cores únicas que mudam conforme a luz que entra pelas janelas e pelas fendas na rocha. Um lugar de muita paz...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.